A tarefa que tenho na Junta de Missões Nacionais é oferecer apoio aos missionários que estão nos campos, ajudando-os, ouvindo-os e levando-lhes uma palavra de ânimo, exortação e orientação. Diariamente estamos nos comunicando com eles por telefone, WhatsApp, e outros meios de contato disponíveis. Têm sido momentos para compartilhar experiências, ansiedades, vitórias e até mesmo de desânimo diante das lutas pastorais.
Através de nossa Revista Novos Rumos, desejamos refletir alguns aspectos sobre um desafio que chega ao coração de todos os servos de Jesus Cristo em seu trabalho missionário, que é o “desânimo”. Quem não conhece esse desafio?
Homens e mulheres notáveis na história bíblica e da Igreja Cristã, testemunharam essas difíceis experiências. Destaquemos a reação de Moisés quando desceu do Monte Sinai e encontrou o seu povo em cerimonia de idolatria (Êxodo 32.19-20,32); Elias, o profeta pedindo a própria morte quando estava sendo perseguido por Jesabel (I Reis 19.4); o que dizer do sentimento de desamparo experimentado pelo Senhor Jesus (Mateus 27.46)? Entre tantos líderes do cristianismo destaquemos Martinho Lutero, que em meio às suas lutas precisou ouvir de sua esposa: “o teu Deus morreu? Estás abatido demais”. Ashbel Green Simonton escreveu: “… em minha falta de espiritualidade, na frieza e no formalismo de minhas orações, no pouco prazer que me traz a leitura das Escrituras…”
Muitas vezes o pregador anuncia a alegria e paz, mas o seu coração está triste e angustiado; deve levar uma palavra de confiança e descanso no Senhor, mas ele próprio está necessitando dessas realidades. Ele se encontra no limite do esgotamento físico e emocional, carrega problemas familiares, financeiros, sociais e espirituais.
Como enfrentar e vencer o desânimo?
- Busque a Deus. Abra o seu coração e não esconda nada em sua confissão. Ele sabe de tudo e tem misericórdia para nos ajudar. Jesus Cristo está ao lado do Pai e intercede por nós. Quem ou o que poderá separar-nos do amor de Cristo? Sofrimentos, dificuldades, perseguições, fome, pobreza, perigo ou a morte? Temos vitória assegurada por meio daquele que nos amou (Romanos 8.34-39).
- Avalie sinceramente o nível de sua vida devocional, sua leitura bíblica e suas orações. Nós devemos esperar pelo Senhor mais intensamente do que os sentinelas esperam pelo alvorecer de novo dia (Salmo 130.6). É importante estarmos solidamente alimentados na Palavra para alimentar o rebanho. É necessário pregar para nós mesmos aquilo que vamos pregar para a Igreja.
- Procure ser um fiel mordomo do seu tempo. O ativismo não é sinônimo de bom uso do tempo. Ninguém poderá ler todos os livros, assistir todas as reuniões, fazer todas as coisas que são solicitadas. É urgente estabelecer uma prioridade em nossas atividades para que façamos aquilo que é mais importante antes do que é mais urgente.
É comum olharmos para um vitorioso plantador de Igreja, ou um apreciado pregador e pensarmos que eles não conhecem o caminho do desânimo. Todos experimentam esse caminho. Deus nos fortalece nesses momentos e os usa para nosso bem pessoal e para sua glória divina. Então dizemos: “foi-me bom ter passado pela aflição para que aprendesse os teus decretos (Salmo 119.71).
Rev. Carlos Aranha Neto
Missionário de Base
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