ARTIGO ESPECIAL – REV. ALESSANDRO DE LUCENA – Junta de Missões Nacionais

A missão da igreja continua:

Glorificar a Deus em meio à pandemia global do Coronavírus

De fato, escrever sobre esse tema é um grande desafio, em meio ao turbilhão de informações que estão circulando sobre o assunto. É necessário ter sabedoria divina para enfrentar com discernimento essa situação tão delicada. A palavra em hebraico para sabedoria é דֵּעוֹת֙ (deot), e em grego é σοφίᾳ (sophia), que em nossa língua, é traduzida como conhecimento de Deus, inteligência suprema, assim como a que pertence a Deus, entre outros. Portanto, defrontar-se com esta situação, requer pelo menos, “sabedoria e entendimento espiritual”. (Cl. 1.9)

Com efeito, a obra missionária deve ser realizada para a glória de Deus. Assim sendo, o “deot” ou a “sophia” de Deus é imprescindível no trabalho missionário, principalmente em tempos de pandemia global do Coronavírus. Desde a primeira morte pelo COVID-19 (termo técnico) em 11 de janeiro de 2020 relatada na China, até o momento, milhares de casos de infecção são diagnosticados em todo o mundo, estimulando uma desesperança profunda e um desespero existencial na humanidade.

Mas, apesar disso, o movimento missional da igreja não pode parar. Jesus deu a ordem aos seus discípulos a levar o evangelho a todo o mundo. Ele disse: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16.15). No dizer de Ryle (2018, posição 4606) “O Senhor Jesus queria que soubéssemos que a humanidade inteira precisa do evangelho”^[1]. Spurgeon (2016, posição 5590) exemplifica: “Aquele que me ordenou pregar a toda criatura não me pediu para isentar nem uma alma sequer da mensagem”^[2].

Portanto, aprovisionada com a sabedoria de Deus, a igreja deve levar o testemunho de Jesus Cristo “em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At. 1.8). Como descrito por Campos Junior (2019, posição 6726): “Testemunho (Mt. 5.14-16; 24.14; Mc. 13.9; Jo. 1.7-8, 15; At. 1.8). Essa é a grande razão para qual a igreja está neste mundo”^[3]. É preciso considerar que as palavras de Cristo são válidas para os dias de hoje, pois ele disse: “passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”. (Mt. 24.35) Por certo, haverão de se cumprir na hora exata.

Uma doutrina bíblica que tem servido como força motriz para a atividade missional da igreja no decorrer dessa pandemia é a doutrina do eterno propósito, plano ou decreto de Deus. Com base nessa doutrina, sabe-se que nada ocorre à parte da vontade soberana de Deus, e são realizadas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. (Ef. 1.11) Assim sendo, Deus está no controle de todas as situações, até mesmo, da pandemia global do Coronavírus, pois ele governa soberanamente todos os acontecimentos.

^[1] RYLE, J. C. Meditações no Evangelho de Marcos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018. Edição Kindle.

^[2] SPURGEON, C. H. Milagres e parábolas de nosso Senhor: a obra e o ensino de Jesus em 173 sermões selecionados. São Paulo: Hagnos, 2016. Edição Kindle.

^[3] CAMPOS JUNIOR, Heber Carlos de. Amando a Deus no mundo: por uma cosmovisão reformada. São José dos Campos, SP: Fiel, 2019. Edição Kindle.

^[1] RYLE, J. C. Meditações no Evangelho de Marcos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018. Edição Kindle.

^[1] SPURGEON, C. H. Milagres e parábolas de nosso Senhor: a obra e o ensino de Jesus em 173 sermões selecionados. São Paulo: Hagnos, 2016. Edição Kindle.

^[1] CAMPOS JUNIOR, Heber Carlos de. Amando a Deus no mundo: por uma cosmovisão reformada. São José dos Campos, SP: Fiel, 2019. Edição Kindle.

Deve-se entender, que apesar deste caos mundial, a missão da igreja precisa continuar, até a volta de Cristo, independente das circunstâncias, na certeza de que “as portas do inferno não prevalecerão contra [a igreja de Cristo]” (Mt. 16.18). Segundo Hendriksen (2010, p. 180): “Jesus prometeu que sempre levaria seu povo ao triunfo sobre o diabo e seu exército. Essa promessa não é feita aos mornos laodicenses, mas aos soldados cristãos”^[1]. Assim sendo, os soldados de Cristo precisam estar preparados para os desafios do presente século. Entre eles, o COVID-19.

A glória de Deus é o foco da missão da igreja, e deve ser o fator motivador da obra missionária. E, essa glória deve ser demonstrada, em todos os lugares, em todos os tempos e em todas as ocasiões. A palavra glória no hebraico é כְּבוֹדִ (kabod) e no grego é δόξαν (doxa) que, em nossa língua, é traduzida como honra, reverência, esplendor, peso, ponto de vista, entre outros. Beeke (2012, p. 163) afirma que: “em ambos os testamentos da Bíblia, a palavra glória significa a manifestação de excelência e da dignidade (glória demonstrada), bem como a resposta de honra e adoração a essa manifestação (glória dada)^[2]”. Beeke (2012, p. 306) alega que: “a glória de Deus era a essência da evangelização reformada de Calvino e deve ser também a essência de nossa evangelização”^[3], mesmo em meio ao perigo da pandemia global do Coronavírus.

Portanto, a glória de Deus é a principal missão da igreja. Desse modo, a igreja é missional quando a glória de Deus é central. O apóstolo Paulo disse: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). De acordo com Kistemaker (2014, p. 440): “Exaltar a glória de Deus deve ser nosso propósito principal nesta vida terrena”^[4]. É como disse o salmista, no Salmo 96.3-4: “anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas. Porque grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses”.

Que em meio a pandemia global do COVID-19, Deus nos ajude a falar e viver de maneira missional para a sua glória, a cumprir à sua Palavra, a buscar portas abertas à proclamação do seu santo evangelho e a orar como João Calvino: “Supliquemos-te diariamente (e nunca duvidemos), em nossas orações, que, no governo de teu Cristo, tu ajuntes novamente todo o mundo… quando Cristo exercer o poder que lhe foi dado para a nossa salvação e a salvação de todo o mundo^[5]”^[6].

A GLÓRIA SOMENTE A DEUS

Rev. Alessandro de Lucena Alves